Ouço muito essa frase no consultório e pode ser até que você mesmo já a tenha dito algumas vezes: “Eu preciso tomar vergonha na cara para emagrecer”, ou então, “Eu não consigo mudar meus hábitos alimentares porque não tenho vergonha na cara”.
E gostaria de enaltecer que isso é muito cruel com você mesmo!
Porque comer vai além dos nutrientes, de saber o que é importante ou não para o corpo, comer envolve prazer, lembranças e emoções.
Se o nosso corpo fosse um carro, seria fácil respeitar o limite do tanque e não colocar nada a mais de combustível.
Porém, não somos um carro, e temos outros sistemas que interferem em todo esse processo, como os sistemas cognitivo e de recompensa (ou comer pelo prazer) e as emoções.
Simplificando:
- O consumo alimentar também é motivado por alimentos palatáveis e recompensadores, ricos em gordura e açúcar, que nos dão prazer: esse é o sistema de recompensa!
- O sistema cognitivo é o racional, aquele que mesmo com fome sabe que trocar uma refeição por um pedaço de bolo recheado não é a melhor opção para saciar a fome…
- As emoções (boas ou ruins) ativam uma estrutura cerebral chamada amígdala que leva ao consumo de alimentos ricos em gordura e calorias, mesmo que você não esteja com fome física.
Atualmente, acredita-se que o consumo alimentar excessivo seja consequência de uma atividade aumentada das áreas do cérebro associadas à recompensa e emoção.
Principalmente quando aliada a uma menor atividade em áreas associadas à saciedade homeostática e ao controle cognitivo relacionado aos alimentos. Assim, você come mais pelo prazer do que pela saciedade em si.
O propósito do post não é dizer que tudo está perdido, que não tem jeito. Mas sim mostrar que a obesidade é uma doença complexa e por isso seu tratamento é complexo e para toda a vida. E não apenas: “eu sei que devo cortar o doce”.
É importante sempre ter uma boa orientação no processo, inclusive mais importante do que a velocidade do processo.
O nutricionista é seu aliado, ele te ajudará a mudar seu estilo de vida para chegar e manter um peso saudável.
Em muitos casos, um trabalho multiprofissional englobando o psicólogo e o endocrinologista pode ser necessário.